Participo da iniciativa do João Santana
Cara Maria José,
Éramos tão amigas, convivíamos com tanto carinho por muitos e muitos anos. Embora você more num estado e eu noutro, as cartas eram inúmeras.
De repente, você, simplesmente, me pediu um tempo na amizade da forma mais bruta possível.
Eu fiquei atônita, desconsolada, numa tristeza mortal.
Foi preciso muitos anos até eu começar a sorrir de novo com o mesmo vigor.
Zezé, não pense que ainda não choro pelo seu abandono. Vez por outra, uma lágrima furtiva banha minha face e eu só posso enxugá-la, sem entender nada do seu desprezo.
Não se justifica abandonar uma pessoa amiga da família a qual se prometeram incondicionalidade.
Soube que ficou doente em seguida, mas eu também fiquei e não pude lhe dizer. Até hoje estou sofrendo as consequências do seu abandono. Emocionalmente, não me recuperei de tudo. Era minha única amiga.
Eu já lhe perdoei, até porque, se não o fizesse, não poderia continuar com o coração límpido e meu ser liberto do mal que me causou, ainda que soasse premeditado tudo, prefiro imaginar que não foi.
Sabe, prima, estamos idosas e você ou eu podemos ir embora a qualquer tempo.
Moramos tão longe uma da outra, não me dá mais um alô sequer, continua me desprezando o tempo todo.
O Natal se aproxima e você não se redime comigo, não está nem aí para minha dor da separação.
Eu vou continuar a viver sem você, sem sua amizade, pois tenho fé no Deus que tudo vê.
Fique na paz e eu vou ficar na minha, já lhe dei todo tipo de demonstração possível de que lhe perdoei, só me resta lhe desejar cura espiritual e libertação da sua consciência.
Nem me darei o trablaho de lhe enviar porque sei que nem sequer abrirá minha missiva.
Sua prima Rosemere

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