Um microrrelato (histórias curtas que desafiam a normalidade, a realidade e os sentidos do leitor).
Mar agitadíssimo naquele dia, assustou-se muito ao ver o bramido de vagas gigantes a dilacerar, compulsivamente, as pedras na Arrebentação.
Fixou seu olhar num ponto, surpreendeu-se com a visão, algo sobrenatural.
Aterrorizada, deixou, a quem passava por ela, deslocado.
Uma pessoa parou, perguntou-lhe se estava bem. Aproveitou, apertou-lhe o braço com tanta força, num pânico inigualável.
Imediatamente correu pela orla, deixando os demais num estado de permanente perplexidade.
Mais tarde, no hospital psiquiátrico de onde fugira, narrou que um ogro lhe chamava a mergulhar comele ao fundo marítimo. Sentia-se imantada por ele, teve que fugir, caso contrário, não compartilharia na residência terapêutica seu assalto.
Discorreu a fim de encontrar amigas virtuais para além-mar. Sonhou e acatou seus anelos presentes em si.
Na sinceridade, ia à Veneza, cambiou por causa de elos fraternos vigorosos.
Cada ensejo lá vivido foi atípico, envolvimentos com significados insignes, pessoas estimadas em corações atados pelos laços dos blogs.
Impossível desvendar incógnitas e charadas da vida, são tramas intrínsecas, se esquadrinham em outra direção primeira à do coração, entretanto se afinam. Intercambiadas ambas, o fator não alterou o produto.
Por ter uma natureza não pertencente a lugar nenhum, à protagonista do relato lhe facilita viver e conviver em lugares diferenciados, sem grandes complexidades. A felicidade consta não em vaguear simplesmente, mas na maneira de como engendrar tal peregrinação.
Não é viajante anônima, discorre, na volta o que vislumbrou e vivenciou, sem impasses.
Arremete pouca bagagem, excessos lhe trazem transtornos múltiplos. Requer aproveitar sua excursão, ônus desnecessário a fatiga.
Obrigou-se, por conseguinte, a uma larga porção de compreensão, paciência e esperança a quem ela ia reconhecer.
Abdicou, no aeroporto, do seu medo, preguiça, desânimo. Não combina os tais vestuários com nenhuma viagem.
Quase saldou superabundante bagagem por grandioso amor ao próximo. Só o afeto maior lhe clareia onde vai aportar.
Ofertaria um pouco do seu combustível amoroso ao aviador para repor na ascensão, se preciso fosse. Tinha-o em quantidade exuberante.
Nada como avançar rumo à felicidade.
No embornal, abrasou um bocado de imaginação, afinal custava pouco, já habitava em seu âmago.
Os mares tão azuis, os barcos vistos ao longe, um espetáculo imenso. Os castelos e palácios visitados, um sonho de menina dos conto de fadas. Pontos turísticos foram bem explorados.
No decorrente, no aero, teve uma nobreza a explicar nos pertences. Foram presentes do coração, não largaria ao léu, trouxe todos, sem exceção, lhe foram doados por amigas do seu âmago, de amor fraterno atípico e predileto, não evaporado pela conjuntura .
A estadia surtiu conquistas nutridas até a contemporaneidade. Mesmo com os sobressaltos que a vida redunda, de volta ao seu destino, rejubila-se com as aquisições afetivas fortificadas.
As amizades continuam firmes como quando estavam conectadas.
A origem é uma sucessão de idas e vindas, partidas e chegadas.
A andarilha vem lhes pretender uma perambulação inesquecível ao retorno dos sonhos que morreram, que mataram, mas que ressuscitaram. Não planejem viajar para lado algum, sem fazer antes a jornada ao seu interior, em primeira instância.
(Aeroporto Internacional do Galeão, Rio de Janeiro)
(Mares cerúleos de Lisboa Portugal)
(Fátima- Portugal)
Minhas doces amigas do coração, amigas blogueiras, irmãs de alma... inclusive uma delas, a Emília Simões se tornou minha parceira em livros.
Na despedida, saudade pesou no coração.
Rio Tejo
Amiga blogueira
Livraria considerada pelo Guinness Book em 2011, como a mais antiga do mundo ainda em funcionamento, a "Bertrand".